
O Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE) é uma condição marcada por um padrão duradouro de distanciamento das relações sociais e uma aparente frieza emocional.
Pessoas com esse transtorno não são necessariamente “antissociais” no sentido hostil da palavra, mas vivem em um estado constante de indiferença em relação a conexões íntimas, preferindo uma vida solitária e reservada.
Como reconhecer o transtorno?
Segundo o manual DSM-V, o diagnóstico é feito quando a pessoa apresenta, desde o início da vida adulta, características como:
1. Falta de desejo por relacionamentos íntimos, incluindo laços familiares. |
2. Preferência por atividades solitárias (hobbies, trabalho remoto, passatempos individuais). |
3. Pouco ou nenhum interesse em relações sexuais. |
4. Dificuldade em sentir prazer na maioria das atividades. |
5. Ausência de amigos próximos fora do círculo familiar imediato. |
6. Indiferença a elogios ou críticas. |
7. Expressão emocional limitada, como se as emoções estivessem “apagadas”. |
Para ser diagnosticado, é preciso que pelo menos quatro desses traços estejam presentes e causem prejuízos na vida pessoal ou profissional.
É importante destacar que o Transtorno de Personalidade Esquizoide não está ligado a alucinações ou delírios (como na esquizofrenia) nem a dificuldades de comunicação típicas do autismo.
O Mundo Interno vs. o Externo
Apesar da aparente frieza, muitos indivíduos com TPE possuem um mundo interno rico e complexo. Eles podem mergulhar em fantasias elaboradas, refletir profundamente sobre temas filosóficos ou desenvolver crenças morais e políticas muito particulares.
Contudo, tudo isso permanece guardado, sem compartilhamento. É comum que se descrevam como “observadores da vida”, como se estivessem assistindo aos outros de fora, sem sentir vontade de participar ativamente.
A indiferença social não significa falta de sensibilidade. Muitos simplesmente não enxergam utilidade em interações superficiais ou não sentem necessidade de aprovação alheia.
Diferenças Importantes
O TPE não é timidez exacerbada nem uma fase temporária. Enquanto uma pessoa introvertida pode escolher interagir em momentos específicos, quem tem o transtorno geralmente não sente falta dessas conexões. Além disso, não há traços de arrogância ou desprezo pelos outros apenas uma desconexão natural.
Causas e Tratamento
As origens do TPE ainda são pouco claras, mas acredita-se que fatores genéticos e experiências na infância como negligência emocional possam contribuir. O tratamento, quando procurado, geralmente envolve psicoterapia para ajudar na regulação emocional e no desenvolvimento de habilidades sociais básicas, se desejadas.
Terapias cognitivo-comportamentais são comuns, mas muitos não buscam ajuda, já que o transtorno raramente causa sofrimento direto a eles — muitas vezes, a pressão vem de familiares ou do ambiente social.
Fonte:
American Psychiatric Association, 2014.
SANTOS, Edivana Almeida Aguiar dos. Guia Prático para o Trabalho com Transtornos Mentais. 1. ed. Salvador: Sanar, 2022.
Matéria produzida por:
Jonnas Vasconcelos