Crack. Uma abordagem multidisciplinar

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Jonnas Vasconcelos

Jonnas Vasconcelos é graduando em Psicologia e apaixonado por entender o comportamento humano em suas múltiplas facetas.

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Crack. Uma abordagem multidisciplinar

O QUE É O CRACK?

O crack é uma forma distinta de levar a molécula de cocaína ao cérebro. A cocaína é uma substância extraída de um arbusto originário das regiões dos Andes, tendo como principais produtores a Bolívia, o Peru e a Colômbia. Os nativos dessas regiões mascam as folhas da coca há séculos, desde antes da chegada dos conquistadores espanhóis.

A AÇÃO DA DROGA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

A dependência química é uma complicação que pode ocorrer entre usuários de cocaína e crack, afetando entre 5% e 12% daqueles que experimentam a droga.

Essa dependência está associada a graves problemas pessoais, familiares e sociais. O uso de crack, em comparação com outras formas de cocaína, está relacionado a uma maior intensidade de consumo e aumento da fissura.

Fumar o crack é a via mais rápida de fazer com que a droga atinja o cérebro, acelerando a progressão para a dependência. Enquanto a cocaína injetada demora de 16 a 20 segundos para atingir o cérebro e a inalada de 3 a 5 minutos, o crack fumado chega ao cérebro em apenas 6 a 8 segundos.

EFEITOS DO CRACK NO CÉREBRO

Quando o crack atinge o cérebro, provoca sensação intensa de prazer e satisfação, ativando as mesmas áreas cerebrais relacionadas à sobrevivência e à reprodução.

Isso explica o grande potencial viciante da droga. O cérebro registra memórias de pessoas, lugares e situações associadas ao consumo, o que facilita recaídas.

Além disso, o crack afeta regiões cerebrais ligadas ao julgamento, à tomada de decisão e à resolução de problemas. Antes da dependência, o usuário ainda consegue escolher se deseja ou não usar a droga.

No entanto, com o consumo frequente, a capacidade de julgamento é comprometida, tornando o indivíduo mais vulnerável ao uso compulsivo.

DANOS FÍSICOS

Intoxicação: Os efeitos imediatos do crack incluem aumento da frequência cardíaca, pressão arterial elevada, agitação psicomotora, dilatação das pupilas, aumento da temperatura corporal, sudorese e tremores musculares. No cérebro, a droga provoca euforia, aumento da autoestima, indiferença à dor e ao cansaço, além de alterações na percepção sensorial.
Abstinência: Os sintomas de abstinência surgem entre 5 e 10 minutos após o uso, atingindo o auge entre 2 e 4 dias. Os principais sintomas incluem fadiga, extremo esgotamento físico, tristeza intensa, depressão, ansiedade, irritabilidade, sonhos perturbadores e forte fissura pela droga. Alterações no humor podem persistir por meses.

EFEITOS DO CRACK NO CORPO

Vias respiratórias: Tosse com escarro escurecido, dor torácica, falta de ar, sangramento no escarro e agravamento de doenças pulmonares, como a tuberculose.
Coração: Aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, risco de isquemias, infartos e arritmias cardíacas.
Sistema nervoso: Pode causar AVCs, dores de cabeça, tonturas, inflamação dos vasos cerebrais, atrofia cerebral e convulsões.
Trato digestivo: Enjoo, dores abdominais e perda de apetite.
Olhos: Infecções e lesões na córnea devido à exposição à fumaça.
Fome, sono e sexo: Diminui a necessidade de comer e dormir. O consumo prolongado causa emagrecimento severo e exaustão. O desejo sexual pode aumentar inicialmente, mas reduz com o uso contínuo.

GRAVIDEZ E EFEITOS NO BEBÊ

O crack atravessa a placenta e pode causar descolamento prematuro, aborto espontâneo e diminuição da oxigenação fetal. Para o bebê, há risco de crescimento retardado, baixo peso ao nascer, má-formações, morte súbita e atraso no desenvolvimento. A droga também passa para o leite materno.

ASSOCIAÇÃO COM BEBIDAS ALCOÓLICAS

O uso combinado de crack e álcool leva à formação da cocaetileno, uma substância altamente tóxica que intensifica os efeitos da droga e aumenta o risco de complicações fatais.

ALTERAÇÕES COGNITIVAS E PSIQUIÁTRICAS

O crack prejudica habilidades cognitivas como atenção, memória, velocidade de processamento e capacidade de solução de problemas. Mesmo após a interrupção do uso, algumas alterações podem persistir por semanas ou meses.

Além disso, usuários frequentemente apresentam transtornos psiquiátricos associados, como depressão, ansiedade, paranoia e quadros psicóticos. A regulação emocional também é afetada, dificultando o controle de impulsos e a adesão ao tratamento.

CONCLUSÃO

Para concluirmos este capítulo sobre o crack dentro de uma perspectiva psicossocial, é importante reforçar que a abordagem ao usuário deve considerar não somente os sintomas e os efeitos da droga no seu corpo e psiquismo, mas também os fatores sociais e culturais presentes em seu contexto, que, em algumas situações, podem se configurar como fatores de risco e, em outras, como fatores de proteção para o uso de crack.

O desafio dos profissionais da área de saúde se situa na capacidade de olhar o usuário de forma integral, compreendendo o seu contexto social e identificando as situações de vulnerabilidades o qual está exposto, para que, assim, seja possível, otimizar as potencialidades e minimizar os riscos.

Aviso da publicação

Informamos que o artigo sobre “Crack. Uma abordagem multidisciplinar” foi extraído fielmente do material didático do curso Supera EAD, do Ministério da Justiça. O texto original faz parte do Módulo 2 – Efeitos de Substâncias Psicoativas no Organismo, sob a coordenação de Roseli Boerngen de Lacerda. 4° edição/ Brasília 2011

Veja também: Os perigos do uso da cocaína e seus efeitos no corpo e na mente


Autores:

Marcelo Santos Cruz

Renata Werneck Vargens

Marise de Leão Ramõa

Responsável por transcrever e estruturar a matéria, do livro para o página do site Conversapsicológica.com.br

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