
Chatbot
Hoje em dia, é cada vez mais comum que as pessoas conversem com chatbots programas de computador que simulam conversas humanas. Eles podem ser usados para tirar dúvidas, ajudar em tarefas ou até para oferecer companhia.
No entanto, é importante ter cuidado quando começamos a criar vínculos emocionais com essas máquinas, pois isso pode trazer alguns riscos para a nossa saúde mental e para a forma como nos relacionamos com os outros.
Principais perigos
Um dos principais perigos é o isolamento social. Quando uma pessoa passa muito tempo interagindo com chatbots, pode acabar se afastando das relações humanas reais, que são muito mais complexas e profundas.
O chatbot, por ser programado para ser sempre educado e agradável, pode parecer mais fácil de lidar do que uma pessoa de verdade. Só que, com o tempo, essa escolha pode gerar solidão, já que, apesar de parecer uma companhia, o chatbot não sente emoções, não tem empatia verdadeira e não oferece o mesmo apoio que um amigo ou familiar.
Confundindo a realidade
Para além disso, existe o risco da pessoa confundir a realidade com o mundo virtual. Como o chatbot responde com confiança e autoridade, muitas vezes quem conversa com ele pode acabar acreditando em tudo o que ele diz, mesmo que nem sempre as informações sejam corretas.
Isso pode afetar decisões importantes, especialmente se a pessoa estiver buscando orientações sobre saúde ou questões pessoais delicadas.
Catherine K. Ettman
Nesse sentido, a professora Catherine K. Ettman, da Faculdade de Saúde Pública Bloomberg da Johns Hopkins, alerta: “Um perigo da IA é que ela soa autoritária, confiante. E pode ser difícil para as pessoas discernirem qual informação é verdadeira e qual não é. Isso pode afetar a saúde mental das pessoas”.
Segundo ela, isso pode acontecer quando os chatbots são usados como conselheiros psicológicos, médicos ou terapeutas, mas também em um contexto mais amplo, mudando a forma como as pessoas se relacionam com aquilo que as deixa felizes e saudáveis.
Ou seja, o problema não está só no conteúdo das respostas, mas na maneira como elas podem influenciar o comportamento e os sentimentos das pessoas, levando, por exemplo, à dependência emocional dessas ferramentas ou a uma falsa segurança.
Reforçar aquilo que a pessoa já pensa ou sente
Outro ponto preocupante é que o chatbot tende a reforçar aquilo que a pessoa já pensa ou sente, pois foi programado para agradar. Assim, ele pode acabar alimentando ideias equivocadas ou até preconceitos, tornando a pessoa menos aberta a opiniões diferentes. Isso diminui a tolerância e a capacidade de lidar com a diversidade que encontramos na vida real.
Também é preciso ter cuidado com a idealização das relações. Conversar com um chatbot pode criar a ilusão de que todas as conversas deveriam ser fáceis, sem conflitos ou julgamentos.
Mas, na vida real, os relacionamentos envolvem desafios, desentendimentos e aprendizados. Se a pessoa passa muito tempo se relacionando com máquinas, pode se frustrar ao perceber que os vínculos humanos não são tão simples.
Acolhimento não real e manipulação
Para além disso, muitas vezes o chatbot pode passar uma falsa sensação de segurança emocional. Alguém que esteja passando por momentos difíceis pode se sentir acolhido, mas esse acolhimento não é real ele é apenas uma simulação.
Isso pode fazer com que a pessoa evite buscar ajuda profissional ou apoio de pessoas próximas, o que pode agravar sentimentos de tristeza, ansiedade ou solidão.
Por fim, há também o risco de manipulação. Algumas empresas ou organizações podem usar chatbots de maneira estratégica, influenciando emoções ou decisões das pessoas para vender produtos, defender ideias ou controlar comportamentos. Por isso, é sempre importante lembrar que, por trás de um chatbot, existem interesses e intenções humanas.
Lembre-se, que embora os chatbots possam ser ferramentas úteis e até divertidas, eles não substituem as relações humanas e nem devem ser vistos como amigos ou conselheiros reais.
É fundamental usar essa tecnologia com consciência, sabendo que, apesar de parecerem próximos, os chatbots não têm sentimentos, não julgam e não vivem como nós. O equilíbrio é a chave, conversar com máquinas pode ajudar, mas nada substitui o carinho, a presença e o apoio das pessoas de verdade.
Base para a notícia
Folha de São Paulo








